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quinta-feira, 8 de março de 2012

6º Capítulo - Seeking Happiness - Last Day With You.


Bells pensava que estava tudo perfeito, mas Peter provou que ele conseguia deixar ainda melhor.
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A claridade incomodava meus olhos, e eu os abri lentamente. Senti que os braços de Peter ainda me envolviam.  Sorri largo me lembrando de tudo o que aconteceu ontem. Não foi planejado – pelo menos por mim não – e mesmo assim, tão perfeito. Peter se mexeu ao meu lado, e eu aproveitei e me desvencilhei de seus braços. Me espreguicei e bocejei. Sentei na beira da cama. Olhei para os lados, o quarto era uma bagunça com minhas roupas e as de Peter jogadas por tudo quanto é lado. Ri baixo.
Levantei, e o ar gelado da manhã feriu minha pele nua. Estava frio. Só agora percebi, porque estava nos braços de Peter, e lá estava quentinho. Pensei em voltar, mas eu precisava realmente de um banho. Minha pele estava com a mesma sensação de ontem à noite. Parecia que eu estava suada. Mesmo com o frio resolvi que ia tomar um banho gelado pra ver se passava aquela sensação horrível.
Caminhei até o banheiro, e pisei no que pude ver ser a cueca de Peter, que estava na frente da porta do banheiro.
Entrei no banheiro e já fui entrando no box. Liguei o chuveiro e mudei a temperatura para gelado. Deixei que a água caísse em meus cabelos enquanto eu tremia com o frio.
Coloquei shampoo em meu cabelo, e massageei até que fez espuma. Enxagüei e comecei a ensaboar meu corpo. Depois de terminar o banho, desliguei o chuveiro e me sequei. Sai do banheiro de toalha e fui procurar minha bolsa. Lembrei que a deixei lá em baixo. Desci as escadas e peguei minha bolsa, que estava no chão, ao lado da porta da sala.
Subi de novo e peguei na bolsa minhas roupas intimas que trouxe ali. Coloquei-as e peguei meu calção que estava jogado no chão do quarto de Peter. Olhei para cama, ele ainda dormia profundamente.
Avistei a camisa xadrez que ele usava ontem e a fui até ela. Peguei-a e vesti. Eu amava usar roupas maiores que eu. Amava usar as roupas de Peter.
Voltei ao banheiro e penteei meus cabelos com a escova que havia em cima pia. Peguei minhas escovas de dente da minha bolsa e escovei os dentes.
- Acorda dorminhoco, tá na hora já! – fui até a cama e chacoalhei seus ombros.
Ele resmungou algo ininteligível e virou para o outro lado. Resolvi ir comer alguma coisa.
Desci as escadas e fui para cozinha. Abri os armários como se estivesse em minha casa. Sorri ao pensar em mim e Peter morando juntos, casados.
Encontrei um cereal em um dos cantos do armário. Era o meu preferido. Fui até a geladeira pegar o leite, quando senti um abraço por trás. Peter beijou meu pescoço. Peguei o leite e levei até onde eu deixei a tigela com cereal.
- Quer que eu faça pra você também? – sorri.
- Quero – veio até mim e me abraçou – Te amo, tá?
- Eu também. Mas por que isso agora?
- Pra você ter certeza.
- Bobo.
Coloquei mais uma tigela na bancada e pus cereal nela. Coloquei leite nas duas, peguei duas colheres e entreguei uma a Peter, que percebi estar usando só uma calça de moletom.
- Pronto.
Sentamos à mesa e comemos em silencio.
Quando eu terminei de comer lavei minha tigela e fui até a sala – seguida por Peter – procurar meus tênis. Calcei-os e fui lá pra cima, deixando Peter sentado no sofá.
Peguei minha bolsa, que eu tinha deixado no banheiro. Procurei o celular, queria ligar pra Danny para avisar que estou indo. Quando o peguei percebi que tinha duas chamadas não atendidas. Deviam ser de Danny. Fui checar. Uma de Danny e outra de Matt. Escolhi ligar pra Danny primeiro.
- Oi mãe – atendeu depois de cinco toques – eu já estou saindo da casa do Peter.
- Vai vir já?
- Vou, pode ficar tranqüila. Beijo, tchau.
- Tchau – desliguei. Nunca gostei muito de falar no telefone. Prefiro que seja cara a cara. Bem melhor.
Disquei o numero de Matt. Depois de três toques atendeu.
- Oi Matt, é a Bells, eu vi que você me ligou, mas é que eu estava longe do celular, então eu não o ouvi tocar, mas o que queria?
- Oi pequena. Sem problemas, te liguei pra saber se você ia querer vir aqui em casa hoje? Chamei a galera, a gente vai se juntar pra beber, conversar, dar risada, tocar, cantar... Essas coisas. E ai, topa?
- Tenho que ver Matt, faz três dias que eu não paro em casa, vou ver com a minha mãe.
- Ah tá, tudo bem então. Depois a gente se fala. Beijo.
- Beijo – desliguei.
Duvido que a Danny deixe, mas não custa tentar.
Desci as escadas e Peter tinha adormecido de novo no sofá. Beijei de leve seus lábios e sai.

~~~

Enquanto eu e minha mãe almoçávamos resolvi lhe perguntar sobre Matt.
- Mãe... O Matt me chamou pra ir a casa dele, ele disse que os amigos vão se reunir pra jogar conversa fora, tocar... E então?
- Não para mais em casa menina? Hoje você fica. Já deixei você sair três dias seguidos. Você tem que se aquietar um pouco – disse ela olhando para seu prato.
Como eu imaginava. Depois que terminar vou ligar para Matt avisando.
Terminei de comer e levei meu prato a pia.
- Vou estar no meu quarto – disse indo a caminho da escada.
Quando cheguei ao meu quarto me joguei na cama e peguei o celular que estava na mesinha de cabeceira. Disquei o numero de Matt.
- Oi Matt, como o esperado, minha mãe não deixou – minha voz estava arrastada.
- Oi, que chato. Bom, então a gente se vê na escola amanhã. Beijo pequena.
- Beijo – desliguei.
Ia ficar o dia todo fazendo nada? Não estava a fim de escutar musica, muito menos de ler um livro.
Meu celular tremeu em cima de minha barriga. Olhei no visor. Era Michelle.
- Oi Mich, tudo bem?
- Tudo, e ai, ta a fim de ir numa festa hoje à noite?
- Não vai dar, minha mãe disse que hoje eu vou ficar em casa. Por que você não vem aqui morrer de tédio comigo?
- Eu vou sair – falou em um tom de desculpas – compras.
- Tudo bem, vou me afogar sozinha no tédio então.
- Tenta se animar menina. Se cuida, beijo.
- Beijo – desliguei.
Quantas ligações quando não posso sair, hein?
Pensei em uma coisa. Provavelmente Val não sairia, por que ela não era muito disso, será que ela viria ficar comigo?
Disquei o numero dela e esperei ela atender.
- OI VAL – falei um pouco animada demais – tava a fim de vir aqui em casa, sabe, pra gente jogar conversa fora?
- To sim Bells, que horas quer que eu vá ai?
- Pode ser, tipo, agora?
- Claro, daqui a pouco to ai. Até.
Ela desligou.
Não demorou nem meia hora e Val estava lá. Minha mãe adorava Val, por isso tive que puxá-la da cozinha para meu quarto.
- E essa roupa ai?
Olhei para minhas roupas e percebi que ainda vestia a camisa xadrez de Peter.
- Ah, é de Peter.
- E por que esta com a camisa de Peter? – ela sorria maliciosa.
- Dormi lá ontem, então peguei emprestado – dei de ombros. Seu sorriso se alargou.
- Só dormiu, sei.
- VAMOS MUDAR DE ASSUNTO?
Ela riu de mim.
- Vamos dar uma caminhada? Sei lá, parece que você precisa de ar fresco.
- Tá, tenho que falar com a minha mãe.
- Deixa que eu falo com a sua mãe.
- Tá – fiz menção a sair do quarto, mas Val segurou meu braço.
- Espera aqui, eu já volto.
Fiz uma careta, mas fiz o que ela dizia. Deu três minutos e ela voltou. Peguei meu celular em cima da cama e coloquei no bolso de trás de meu calção.
- Ela deixou?
- Numa boa. Vamos?
- Tá né, vamos.
Demos algumas voltas nos quarteirões e eu contei sobre a noite anterior a Val, e ela estava se derretendo.
- Acho melhor voltarmos agora, já ta ficando escuro. Minha mãe vai me matar!
- Vamos – Val estava com um sorriso bobo no rosto, estranho. Olhei desconfiada pra ela, mas ela nem percebeu. Dei de ombros. Provavelmente estava pensando em Matt, ela deveria ter sido convidada para a festa dele.
A porta estava aberta, então nem precisei pegar minha chave.
- Você vai à festa do Matt? – na mesma hora em que pronunciei as palavras eu me arrependi. Vai que Matt não a convidou?
- Não, prefiro ficar aqui com você. Muito barulho pra mim, sabe?
- Ah, melhor, assim não fico sozinha.
Subimos as escadas, eu me segurando nas paredes, por que tava tudo apagado.
- MÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAE! POR QUE AS LUZES ESTÃO APAGADAS? – entrei no meu quarto e antes que minha mão chegasse ao interruptor alguém acendeu a luz. Minha mãe.
Olhei assustava para frente, pois todos os meus amigos se encontravam ali, e no meio estava Peter.
- O que tá acontecendo? – estava totalmente confusa.
- Venha aqui Bells – Peter chamou.
- Você... – fui interrompida.
- Venha – Peter me puxou pela mão – Preciso te falar umas coisas.
Olhei para meus amigos, meu cenho franzido. O que é que tá acontecendo?
Peter ficou de frente pra mim e pegou minhas mãos nas suas.
- Olha, eu sei que somos novos, que namoramos há dois anos, mas pra mim foi mais do que o suficiente pra saber que o que eu não vou me arrepender do que vou fazer agora. Te conheço bem o bastante e sei que amo cada mania sua, cada fio de cabelo. Sei que é com você que quero passar o resto de minha vida, ao seu lado que quero ver nossos filhos crescendo, nossos netos. Ao seu lado quero estar quando meus cabelos perderem a cor, e ver nossos netos correndo no nosso quintal. Quero que você cuide de mim, quero cuidar de você também. Quero te fazer cafuné até você pegar no sono, e dormir todas as noites abraçado com você. Esses dois anos foram mais que necessários para que eu visse que você é perfeita pra mim. Para perceber que eu te amo mais que tudo, e que não quero nem consigo mais viver sem você – lágrimas quentes escorriam de meus olhos, e eu estava com um sorriso bobo no rosto. Percebi que todos a nossa volta nos olhavam – Eu quero que você seja a mãe de meus filhos, a minha mulher. Só minha – tentei o segurar quando percebi o que estava prestes a fazer, mas mesmo assim ele se ajoelhou na minha frente. Pegou uma caixinha preta do bolso de sua calça – Bells – abriu a caixinha e estendeu pra mim – você aceita se casar comigo?
Eu chorava ainda mais.
- Mas a gente é muito novo ainda, e...
- Bells, e ai que a gente é muito novo? Não deu pra perceber que eu te amo? E eu tenho certeza que quero passar o resto de minha vida com você. Você não tem? – ele se levantou.
- É claro que tenho...
- ACEITA LOGO – olhei pra ver quem tinha dito isso. Foi Lea, que percebi ter tantas lágrimas nos olhos quanto eu.
- Mas é claro que eu aceito Peter – o abracei com a maior força que pude – você tem duvidas? Te amo – sussurrei em seu ouvido.
Peter segurou meu rosto em sua mão e me beijou demoradamente. Todos ali presentes aplaudiram.
Peter pegou o anel delicado de dentro da caixinha preta e colocou em meu dedo.

~~~

Depois da declaração e do pedido de casamento de Peter fomos todos comemorar em um restaurante.
Todos sabiam do pedido de Peter, menos eu. Eles todos ajudaram Peter a tramar esse plano pra me enganar. Inclusive Matt, com sua festa falsa que me deixou desanimada, e Val. Isso explica aquele sorriso bobo em seu rosto hoje mais cedo. Até Charlotte, mãe de Peter apareceu lá.
Todos estavam felizes e animados. Me deram os parabéns e nos abraçaram.
Eu estava noiva de Peter. Íamos marcar a data do casamento pra daqui dois meses.
Depois de comermos um monte e darmos boas risadas, e até mesmo beber um pouco, fomos todos para suas respectivas casas, pois o jantar terminou tarde, todos deveriam estar cansados.
Minha mãe deixou Matt, Val, Lea e Mich em casa, depois fomos para nossa.
Chegamos e já fomos para nossas camas, ambas cansadas demais para conversar sobre o acontecido.
  
~~~

POV PETER.
Ela tinha aceitado! Era o dia mais feliz de sua vida. Depois de todo o plano para que ela nem desconfiasse do que ia acontecer, se Bells não aceitasse se casar comigo eu não sabia o que iria fazer.
Depois do jantar acabar Bells foi embora com sua mãe, que deu carona para seus amigos.
Minha mãe estava me levando para nossa casa. O restaurante realmente ficava um pouco longe da nossa casa. Minha mãe entrou numa rodovia, que estava bem movimentada por ser fim de semana.
Um caminhão que estava na nossa frente perdeu o controle, e mamãe tentou desviar dele para não batermos, mas o carro derrapou na pista e bateu em outro carro. Nosso carro capotou varias vezes, minha mãe gritando. Tudo isso parecia estar acontecendo em câmera lenta para mim.
Dizem que quando você esta prestes a morrer sua vida inteira passa por seus olhos. Engraçado o fato de que a única coisa em que eu conseguia pensar naquele momento era em Bells. No seu sorriso. Nos seus olhos.
Nosso carro, após ter capotado cinco vezes, caiu num barranco. O lado do carro em que eu estava caiu virado para o chão. Senti que um ferro atravessava minha barriga. Olhei para minha mãe mais uma vez. Talvez ela sobrevivesse. Tivesse chance. Ela não parecia muito ferida, mas saia sangue de sua cabeça, e ela estava desacordada. Nosso carro finalmente parou, de ponta cabeça. Senti meu próprio sangue escorrendo em meu rosto. Eu não sentia dor.
A morte parecia fácil. Calma até, posso dizer. Não, eu ainda não estava morto. Mas sabia que não tinha chances. Até a ajuda chegar ele já teria perdido muito sangue.
A única coisa que queria agora era falar mais uma vez para Bells que ele a amava. Como se fosse sua vida. Queria poder abraçá-la mais uma única vez. Ve-la sorrindo novamente.
Oh seu sorriso. Seu rosto. Como o amava. Eu a amava inteira. Cada mania. Cada careta.
Bells sorrindo para ele, foi a ultima coisa que viu, e então ele foi engolido por uma escuridão que não tinha medo de enfrentar, não se fosse por Bells.
Seu sorriso...

_

Peter se foi com a certeza que amou Bells a cada segundo que a vida lhe permitiu.





               



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